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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SILÊNCIO DOS ÍNDIOS

SILÊNCIO DOS ÍNDIOS

Nós os índios, conhecemos o silêncio. Não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Os nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles transmitiram-nos esse conhecimento.
"Observa, escuta, e logo actua", diziam-nos.
Esta é a maneira correcta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam dos seus filhotes.
Observa os anciãos para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que quer.
Observa sempre primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás.
Quando tiveres observado o suficiente, então poderás actuar.
Com vocês, brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando.
Dão prémios às crianças que falam mais na escola.
Nas suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes. E chamam isso de "resolver um problema".
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos. Precisam preencher o espaço com sons. Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir. Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Interrompem sempre.
Para nós isso é muito desrespeituoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não te vou interromper. Escutar-te-ei. Talvez deixe de escutar-te se não gostar do que estás a dizer. Mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei a minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante. Caso contrário, simplesmente ficarei calado e afastar-me-ei.
Terás dito o que preciso saber. Não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríamos pensar nas palavras como se fossem sementes.
Deveríamos plantá-las, e permitir que crescessem em silêncio.
Os nossos ancestrais ensinaram-nos que a terra está sempre a nos falar, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só poderemos escutá-las em silêncio.
"Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder" - Kent Nerburn
http://www.apeiron-edicoes.blogspot.pt/

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