Segundo o relatório para o Dia Mundial da Tuberculose (24 de Março), foram diagnosticados no ano passado 2559 casos de tuberculose em Portugal, incluindo casos novos e retratamentos. A incidência dos casos novos foi de 2372, menos 11 por cento relativamente a 2009, dando "continuidade à evolução para uma diminuição consistente" desde 2002.
Apesar dos ganhos alcançados, Portugal ainda não está abaixo da fasquia dos 20 casos por 100 mil habitantes que lhe conferiria a categoria de país com baixa incidência, refere o documento. Contudo, das 20 unidades distritais de coordenação do plano nacional de luta contra a tuberculose do continente e regiões autónomas, 13 registam já menos de 20 casos por 100 mil.
Dentro do grupo dos distritos com maior incidência, a DGS assinala a “notável tendência decrescente na última década que se verifica em Setúbal, Lisboa e Porto, indiciando a eficácia das medidas de intervenção, apesar de ser onde os principais factores de risco têm maior expressão”. As pessoas mais afectadas são os homens dos 35 aos 44 anos e os imigrantes têm quase 3,5 vezes mais probabilidade de contrair tuberculose do que os portugueses.
A infecção VIH/SIDA, o factor de risco mais importante, tem uma prevalência de 11 por cento entre os casos de tuberculose, o que significa um decréscimo do número de doentes para menos de metade nos últimos 10 anos. A toxicodependência, o alcoolismo, a reclusão e a situação de sem-abrigo são factores importantes de risco para a doença e determinantes para o prognóstico. Contudo, sublinha o relatório, em mais de 65 por cento dos casos não há factores de risco identificados: “Este facto traduz ainda a existência de elevado potencial de transmissão na comunidade”.
Principal causa de morte nas pessoas com VIH
Até 31 de Dezembro de 2010, a tuberculose foi a principal causa de morte entre as pessoas com VIH/SIDA, tendo sido responsável por 41 por cento dos óbitos, segundo dados do Núcleo de Vigilância Laboratorial e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Relativamente à população reclusa, foram notificados 31 casos no ano passado. “Apesar de corresponder a uma descida acentuada que se verifica nos últimos anos, traduz-se numa taxa ainda muito elevada (188/100mil) e num risco de oito vezes maior que a população geral”.
A emergência de casos de tuberculose multirresistente (TBMR) em Portugal tem uma incidência que está abaixo da mediana dos países da Europa Ocidental (1,5 por cento dos casos notificados e testados em 2009), mas tem particular expressão na região de Lisboa e Vale do Tejo. “Entre os casos de TBMR tem sido muito elevada a proporção de casos extensivamente resistentes (TBXDR), ou seja, a forma mais grave”, lê-se no documento. "Este facto teve um efeito cumulativo na prevalência de casos em tratamento por muitos anos, perpetuando-se as fontes de infecção", acrescenta.
Outro grupo de risco, segundo o documento, é os profissionais de saúde. A prevalência da tuberculose multirresistente neste grupo é cerca de três vezes maior do que na população em geral, observa a DGS. “O facto de ser profissional de saúde parece ser o único factor de risco independente, associado à multirresistência, além do factor ‘ter tratamento anterior’ como sugerem os estudos efectuados na região de LVT”, acrescenta.
Actualmente, está operacional uma rede de referência a nível regional, verificando-se já que a prevalência está a diminuir e a cura a aumentar "significativamente". Contudo, ainda não é claro se a incidência de novos casos está a regredir, existindo um predomínio de casos sem tratamentos anteriores. As metas da Organização Mundial de Saúde para os objectivos da estratégia DOTS (taxa de detecção e taxa de cura) têm sido superadas em Portugal desde 2005. A nível global, a ameaça da tuberculose continua a aumentar, agravada pelo fenómeno da multirresistência, que está sem controlo devido à extrema escassez de meios nos países mais afectados.48 casos em crianças
Em 2010 foram diagnosticados 48 casos de tuberculose em crianças menores de 15 anos, quase todas residentes nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, revela um relatório da Direcção-geral da Saúde (DGS).
Dezassete destas crianças tinham menos de cinco anos e apenas seis crianças tinham nascido no estrangeiro. A ocorrência de “formas graves” de tuberculose em crianças com menos de 15 anos, critério major para ponderar a manutenção da vacinação universal pelo BCG, foi notificada em dois casos: um de tuberculose do sistema nervoso central (não meníngea) e um de doença disseminada.http://www.publico.pt/Sociedade
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